domingo, 20 de abril de 2008

Rejeição

Sepultura que não me queres ouvir...
A penumbra a me cobrir.
Campa que me torturas o deitar;
Pedra circunscrita que me lembras o penar.

Alma que me feres a uivar,
Rejeitas o meu sangue a engrossar.
Condor que deixaste da dor atenuar.
Que já não assustas as vozes a se aproximar.

Tenor que te calaste no madrugar
Do meu eterno olhar.
E no cansaço das puras lágrimas de perpetuar
As rubras raízes me tens vindo a cortar.

Porta que te infestas no meu passar,
Noite que ignoras o meu existir.
Bendita sorte que te vejo, amargamente, partir;
Morte, que já não me queres voltar a amar!

MARNUNEFREI
REBENTOS EM CINZAS
Editorial Minerva

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